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Fantástico leva grupo de metaleiros para show de pagode
Recebemos mensagens de internautas indignados após exibir em uma matéria Paul McCartney e Exaltasamba. Resolvemos investigar o que poderia ter irritado tantos os fãs dos Beatles.
Você já parou para pensar por que gosta tanto de um estilo musical e não tolera outros? Nós paramos para pensar nisso depois que, domingo passado, recebemos muitas mensagens de fãs dos Beatles indignados por termos colocado, na mesma matéria, Paul McCartney e Exaltasamba.
A imagem do Exaltasamba cantando música dos Beatles, que o Fantástico exibiu semana passada, criou a maior polêmica. Nas redes sociais, surgiram protestos. As imagens diziam: "Como assim Exaltasamba e Paul na mesma matéria?", "Heresia!" e "Blasfêmia reunir um Beatle com um monte de pagodeiros".
Resolvemos investigar o que poderia ter irritado tantos os fãs de Paul McCartney. A neurocientista Suzana Herculano deu a primeira pista: “A música jamais é apenas a música para você. Ela é tudo que você associa ao cantor, cantora ou ao grupo, àquele ritmo, aos lugares onde você ouve aquilo, às pessoas que você conhece que gostam daquilo”.
O estudante Leandro Jonattan tem uma banda e começou a gostar de rock aos 15 anos. Se começar a tocar outro tipo de música, ele acha que vai estranhar: “É questão de gosto musical mesmo”, justifica.
“No meio dos roqueiros, se você falar que gosta de pagode já era. É um preconceito danado”, reconhece um dos integrantes da banda. “Não existe nada pior do que o som do cavaquinho. Quando você está dormindo e vem aquele mosquito, até vai, mas o cavaquinho não dá”, reclama outro jovem.
Leandro e os amigos saem à noite, a convite do Fantástico, e vão a um show de pagode. “Essa batida, só de longe, já começa a irritar”, já reclama um dos jovens. “Só de chegar com essa roupa de roqueiro, já causa um impacto”, declara um dos rapazes. “Do mesmo jeito que a gente faz os comentários e olha para eles, eles olham do mesmo jeito Devem dizer: ‘Olha a família Adams’”, aponta um dos roqueiros.
“Você vê do lado pessoas já com roupinhas curta, provocante. Aqui é um seduzindo o outro, e eles vão se sentir estranhos. Vai todo mundo ficar olhando”, comenta uma jovem. Não teve como Leandro e os amigos não chamarem a atenção.
E o contrário? Será que um grupinho de pagodeiros destoa em um show de heavy metal? “Estou me sentindo um peixinho fora d'água”, comenta uma das jovens. “Já estou imaginando que eu não vou gostar, mas eu posso gostar”.
O maestro João Carlos Martins também achou estranho quando foi convidado para reger uma escola de samba. Ele conta que alertou, na época: “Vocês vão para o Grupo de Acesso. O que tem que ver musica clássica na avenida?”. E acabou que a Vai-Vai foi campeã do carnaval de São Paulo.
Misturar o popular com o erudito não é novidade. Grandes compositores respeitavam a música popular. O maestro lembra: “Bach, Mozart, Beethoven, todos respeitavam. Se esses gênios da música respeitavam, por que hoje em dia existe esse preconceito?”.
Nando Reis, roqueiro, ex-Titãs, também resolveu experimentar em seu último álbum, o "Bailão do Ruivão". “Todo mundo achava que era ironia, uma piada, que eu estava querendo dizer: ‘Eu faço um rock pesado, mas ao mesmo tempo eu sou tão legal que eu posso cantar essa música que não tem nada a ver comigo’”.
Perguntado sobre se existe preconceito musical, Nando é categórico: “Óbvio que existe. As pessoas acham que a música tem que se destinar a um certo tipo de gente”.
O cantor Luiz Caldas hoje é metaleiro, mas cantava outro tipo de música. Ele explica: “Poucas pessoas sabem que eu toco cavaquinho, bandolim, pandeiro, bateria, baixo, guitarra, teclado e vários outros instrumentos. Eu não estou caindo de paraquedas em nenhum estilo de música. Às vezes, as pessoas engessam demais o artista e acabam perdendo uma parte boa que o cara pode até ter para mostrar”.
O Revelação, quando viu os roqueiros, resolveu desengessar.
Os pagodeiros também tentaram aprender no show de rock, mas é tudo muito diferente. “Foi assustador. Quando aquele homem surgiu lá de aranha deu arrepio”, revela a professora Simone dos Santos.
“Música, por ser música, ela provoca emoção nas pessoas. Se são emoções boas, você gosta daquela música e quer ouvir de novo. Se não são, você não vai querer ouvir outra vez”, explica a neurocientista Suzana Herculano.
Mas não é que os roqueiros, no final, até pediram para tirar foto? E ainda ganharam uns versos de reconciliação.
Fonte: Globo. com
A imagem do Exaltasamba cantando música dos Beatles, que o Fantástico exibiu semana passada, criou a maior polêmica. Nas redes sociais, surgiram protestos. As imagens diziam: "Como assim Exaltasamba e Paul na mesma matéria?", "Heresia!" e "Blasfêmia reunir um Beatle com um monte de pagodeiros".
Resolvemos investigar o que poderia ter irritado tantos os fãs de Paul McCartney. A neurocientista Suzana Herculano deu a primeira pista: “A música jamais é apenas a música para você. Ela é tudo que você associa ao cantor, cantora ou ao grupo, àquele ritmo, aos lugares onde você ouve aquilo, às pessoas que você conhece que gostam daquilo”.
O estudante Leandro Jonattan tem uma banda e começou a gostar de rock aos 15 anos. Se começar a tocar outro tipo de música, ele acha que vai estranhar: “É questão de gosto musical mesmo”, justifica.
“No meio dos roqueiros, se você falar que gosta de pagode já era. É um preconceito danado”, reconhece um dos integrantes da banda. “Não existe nada pior do que o som do cavaquinho. Quando você está dormindo e vem aquele mosquito, até vai, mas o cavaquinho não dá”, reclama outro jovem.
Leandro e os amigos saem à noite, a convite do Fantástico, e vão a um show de pagode. “Essa batida, só de longe, já começa a irritar”, já reclama um dos jovens. “Só de chegar com essa roupa de roqueiro, já causa um impacto”, declara um dos rapazes. “Do mesmo jeito que a gente faz os comentários e olha para eles, eles olham do mesmo jeito Devem dizer: ‘Olha a família Adams’”, aponta um dos roqueiros.
“Você vê do lado pessoas já com roupinhas curta, provocante. Aqui é um seduzindo o outro, e eles vão se sentir estranhos. Vai todo mundo ficar olhando”, comenta uma jovem. Não teve como Leandro e os amigos não chamarem a atenção.
E o contrário? Será que um grupinho de pagodeiros destoa em um show de heavy metal? “Estou me sentindo um peixinho fora d'água”, comenta uma das jovens. “Já estou imaginando que eu não vou gostar, mas eu posso gostar”.
O maestro João Carlos Martins também achou estranho quando foi convidado para reger uma escola de samba. Ele conta que alertou, na época: “Vocês vão para o Grupo de Acesso. O que tem que ver musica clássica na avenida?”. E acabou que a Vai-Vai foi campeã do carnaval de São Paulo.
Misturar o popular com o erudito não é novidade. Grandes compositores respeitavam a música popular. O maestro lembra: “Bach, Mozart, Beethoven, todos respeitavam. Se esses gênios da música respeitavam, por que hoje em dia existe esse preconceito?”.
Nando Reis, roqueiro, ex-Titãs, também resolveu experimentar em seu último álbum, o "Bailão do Ruivão". “Todo mundo achava que era ironia, uma piada, que eu estava querendo dizer: ‘Eu faço um rock pesado, mas ao mesmo tempo eu sou tão legal que eu posso cantar essa música que não tem nada a ver comigo’”.
Perguntado sobre se existe preconceito musical, Nando é categórico: “Óbvio que existe. As pessoas acham que a música tem que se destinar a um certo tipo de gente”.
O cantor Luiz Caldas hoje é metaleiro, mas cantava outro tipo de música. Ele explica: “Poucas pessoas sabem que eu toco cavaquinho, bandolim, pandeiro, bateria, baixo, guitarra, teclado e vários outros instrumentos. Eu não estou caindo de paraquedas em nenhum estilo de música. Às vezes, as pessoas engessam demais o artista e acabam perdendo uma parte boa que o cara pode até ter para mostrar”.
O Revelação, quando viu os roqueiros, resolveu desengessar.
Os pagodeiros também tentaram aprender no show de rock, mas é tudo muito diferente. “Foi assustador. Quando aquele homem surgiu lá de aranha deu arrepio”, revela a professora Simone dos Santos.
“Música, por ser música, ela provoca emoção nas pessoas. Se são emoções boas, você gosta daquela música e quer ouvir de novo. Se não são, você não vai querer ouvir outra vez”, explica a neurocientista Suzana Herculano.
Mas não é que os roqueiros, no final, até pediram para tirar foto? E ainda ganharam uns versos de reconciliação.
Fonte: Globo. com
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